Karl Barth falava da “solidão” de gente que assumia
ministérios na teologia. Lembro-me que esse foi um dos textos mais “pesados”
para mim, no início dos estudos. Talvez por isso eu goste de casa cheia, de
gente chegando e conversando.
Essas conversas entre colegas, especialmente, dificilmente são
“datadas e fotografadas”. As lembranças que ficam, são afetivas, deixam
questionamentos nem sempre duradouros:
As conversas refletem cotidianos e notícias, experiências e
expectativas.
Há meros devaneios tolos
A me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas
Amiúde
A me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas
Amiúde
No “mundo” teológico há sempre denúncias. A gente precisa
disso para vivenciar na atualidade, os textos bíblicos, os contextos, a poesia
e a prosa. Assim como na Bíblia, às vezes nossas palavras são violentas. Assim
como na Bíblia, se elaboram termos nem sempre pacíficos, nem sempre dignos. E
também, assim como na Bíblia, se percebe sempre sob o domínio de quem se está,
quais são os poderes que matam, que excluem, que sufocam gente e natureza...
Disparo balas de canhão
É inútil, pois existe
Um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
É inútil, pois existe
Um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
Des-cobrir os quem nos domina nem sempre é fácil. Parece ser
mais fácil nominar os “Poncio Pilatos”, a perceber o todo do império, e das
leis de nossos relacionamentos. Às vezes, as conversas conduzem a atitudes. Nem
sempre transformadoras, é verdade. Elas voltam, tantas vezes, ao mundo longínquo
de nossos ideais, de nossos refúgios. O humor pode ajudar a não levar a sério tanta
coisa que nos deprime.
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes...
Num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes...
Pode parecer que tudo se resuma a alegria, abraços e cafés. Nosso
desejo por transformação se mistura em desejo por poder, ou só por usufruir do
tal “gozo” que tantas vezes anunciamos.
Queria usar quem sabe
Uma camisa de força
Ou de Vênus
Uma camisa de força
Ou de Vênus
Mas não vou gozar de nós
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom...
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom...
Só que vejo certa retenção na alegria. Como se, diante de
tantas coisas que deram errado, vamos tomando ciência de que tudo é uma perda
de tempo, de alegria, de vida.
E vamos a outras paróquias, a outros campos de trabalho.
Fome nova! Encaramos de frente nossos medos, nossos traumas e... vida renovada!
Agora pego
Um caminhão na lona
Vou a nocaute outra vez
Prá sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de "boy"
That's over, baby!
Freud explica...
Um caminhão na lona
Vou a nocaute outra vez
Prá sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de "boy"
That's over, baby!
Freud explica...
Será mesmo que “Freud explica” essa nossa desarticulação,
essas nossas quedas constantes nas lonas. Que psicologia é essa que não
conseguimos nos “erigir” de forma “contundente “ (ui, quanta fala masculina) e
viramos “boy”, gente mandada daqui e dali... gente que não cresce!
Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
Já passou meu carnaval
E tudo volta ao desencaminhamento de nossas conversas, tudo
volta ao trocadilho infame, a palavras que por si só provocam riso
E isso explica porque o sexo
É assunto popular...
É assunto popular...
E percebo aos poucos algumas de nós desistindo. Como se
fosse possível passar a “vocação” adiante, como se fosse possível “sacudir
sandálias” do ministério – e não dos campos de trabalho...
No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais!...
No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais!...
Margarete Engelbrecht - Niterói RJ