sábado, 8 de dezembro de 2012

o que é tão diferente?

Chegamos com a mudança na quinta, e nos disseram que o açougue da localidade só trabalhava quinta à tarde e sexta pela manhã. Ok, na sexta seria dia de ir buscar carne para a semana.
Fiquei sozinha na casa pastoral.
Chega um carro. Fico feliz que vou fazer o "primeiro atendimento"...
O senhor, dono de si e de uma comunidade inteira, pelo jeito, nem quis entrar. Com a mão estendida foi logo dizendo: "vim aqui lhes dar as boas-vindas e dizer que aqui só tem lugar para um pastor trabalhar. Me disseram que tu és pastora também. Nunca vi disso. Melhor então ir os dois embora".
Depois desse dia, resolvi ter a esperança bem recolhidinha. Melhor não se esbaldar.
Claro que fico pensando que, se tivéssemos mesmo ido embora dali, eu não aprenderia tanto, nem teria tanta saudade daquele povo tão diferente.
Claro que tenho a mais absoluta certeza de que fomos usados por toda estrutura eclesiástica para "abrir campo de trabalho".
Mas é bom ter sempre a certeza de que toda rosa tem espinho. E que esses espinhos machucam sobremaneira, se você não souber se proteger.
Até hoje acho graça do meu primeiro espinho. Ele foi tão claro e evidente!
O homem nunca tinha visto disso, de existir pastora. No que mesmo era diferente? Era diferente?
Os 7 anos que passei ali, com aquelas pessoas, me tornaram mais esperta. Cara de boba, é verdade... mas muito mais esperta. Algumas vezes, até vingativa: quando este homem teve dores de alma, eu o acompanhei (Seelsorge - poimênica - graça do pastorado).
Talvez isso me fez diferente. Meus colegas homens talvez se vingariam de forma explícita, assim já os vi em ação.
O que nos faz diferente?
(Margarete Emma Engelbrecht - pastora em Niterói, RJ - Ministra desde 1988, em Barranco, São Lourenço do Sul, RS; em Nova Petrópolis,RS, e em Niterói, RJ.

3 comentários:

  1. bom começo de conversa! Vou buscar inspiração!Neusa

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  2. Lembro de uma frase com que Adélia (a Prado) conclui uma poesia: "Quem me feriu perdoe-me." ... Tudo a ver com certa qualidade de 'vinçança santa' que Marga sugere. Tremei, infiéis!!!!! Mara Parlow

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  3. "Nunca vi disso" - Pois é, tio. Que Deus seja louvado que "viste disso" então pela primeira vez. E que tiveste a bênção de ter "disso" para te acompanhar em momento especial e doloroso, na certa. Deus seja louvado.

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